A criança depende completamente de seus cuidadores para sobreviver. Como mecanismo de defesa é essencial a sensação de proteção para que o alerta de sobrevivência seja desativado e a mesma possa experimentar o mínimo de tranquilidade.
Diante de uma situação abusiva prolongada, o alarme de sobrevivência é ativado e a criança se sente ameaçada, entrando em pânico. Ela precisa parar de sentir a ameaça para que possa preservar sua saúde mental e aliviar o sistema fisiológico do medo. É quando distorce o que está acontecendo. ” Papai me bateu porque me ama! Mamãe não fez nada, foi pelo meu bem “… A DISTORÇÃO COGNITIVA GERA UM ALÍVIO MOMENTÂNEO para a criança, que internamente desativa a química do abuso.
Todavia , há situações de abuso que nem sequer chegam na cognição. As emoções se desligam de forma imediata.
Em terapia com adultos, onde o abusado repete a dinâmica infantil, o foco não é corrigir as cognições de imediato sobre a “generosidade” do abusador, mas oferecer uma generosidade ” diferente “, fazendo com que aos poucos o próprio paciente, já no modo adulto, possa questionar: “Queria que meu parceiro/amigo me tratasse como meu terapeuta.”
Esse questionamento faz com que o paciente finalmente sinta a dor do abuso e das privações.
Vale salientar que, PARA SAIR DO ABUSO É ESSENCIAL SENTIR O ABUSO.