André é extremamente controlador com suas parceiras amorosas. Em análise, descobriu que seu modo dominador tem a função evitar a possibilidade de ser enganado, traído ou abandonado.

Embora tenha concordado com seu analista, preferiu romper o vínculo terapêutico para evitar trazer a dor da sua criança abandonada para a sessão.

Se considera extremamente sincero e adora exibir essa característica da sua personalidade a todos com quem convive.

No primeiro encontro com Lúcia, foi enfático: “mulher não tem amigo homem, não se veste com roupa de puta e precisa me dar satisfação sobre sua rotina”.

Lúcia, por ter sido uma criança invisível para os pais, interpretou o modo dominador de André como cuidado, virilidade e amor ( ilusão).

A submissão da namorada o faz se sentir cada vez mais atraído por ela, pois considera ter achado a mulher perfeita ( ilusão).

Com o passar do tempo , o excesso de controle passa a incomodar Lúcia, que se sente sufocada com a perda da liberdade e conclui que, apesar do amado usar estratégias diferentes dos seus pais, ela também se sente invisível por ele não enxergar as suas necessidades de mulher.

Lúcia muda completamente. Sai do modo ” garota obediente ” para um modo rebelde. Confronta a tirania do namorado, começa a omitir sua rotina e se desliga emocionalmente do parceiro.

André experimenta uma enorme decepção. Se sente enganado, traído e abusado. A indiferença de Lúcia o faz reviver a dor do menino abandonado. E justamente pela grande dificuldade em lidar com abandono, termina a relação e jura nunca mais entregar seu coração a mulher alguma( perpetuação do esquema de privação).

É importante que o paciente saiba, seja ele dominador ou submisso, que ambos contribuem para dinâmica abusiva por usarem de forma simultânea a criança iludida e estratégias que fortalecem a ilusão do outro.

Quando o paciente acredita que não tem responsabilidade no desfecho da relação, tenderá a perpetuar seus dilemas infantis nas próximas relações.

Author

Terapeuta cognitivo comportamental e atuo como psicológo ha 15 anos . Tenho experiência em dependência química e principalmente relacionamentos destrutivos.

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