AGRESSORES TAMBÉM BUSCAM TERAPIA… MUITO MAIS PARA SEREM COMPREENDIDOS DO QUE PARA RECONHECEREM QUE O MODO ABUSIVO É INEGOCIÁVEL.
De forma instintiva, o terapeuta tende a ter compaixão pela vítima e confrontar o agressor, mesmo sem haver um vínculo instalado. O desfecho naturalmente é o rompimento da relação terapêutica.
Validar o abuso também não atende as necessidades do paciente em ter limites, porém o único jeito de gerar conexão nessa contexto é DETECTAR A DOR POR TRÁS DA AGRESSÃO.
“Enxergo uma parte bem assustada, com medo de perder o controle”… isso pode não sensibilizar o agressor, mas ao pelo menos não o fará se sentir julgado.
O terapeuta poderá descobrir na história de vida do paciente com quem ele aprendeu a usar a agressão e qual a função. ” Entendi! Seu pai agredia sua mãe para não ser feito de bobo”.
O terapeuta é muito mais um curioso que um especialista. Junto com o paciente, passam a compreender os porquês de tais padrões.
Durante a relação, o agressor, de forma cognitiva, entende que os ataques não prejudicam apenas a vítima…eles também não atendem suas necessidades infantis.
Numa intervenção mais emocional, como no exercício de imagem, o paciente percebe que o modo violento do pai também assustava a sua criança, que por medo jurou a si própria que seria um homem tão poderoso quando seu cuidador.
Pacientes que usam o modo agressivo /controlador tendem mais cedo ou mais tarde repeti-lo na relação terapêutica, seja para pedir limites ou testar a submissão do profissional.
É essencial que o terapeuta compreenda o modo, mas não o aceite na relação: “Compreendo que ficar vulnerável é muito difícil. Tu usas a fúria para impedir de acessar teu menino. Quero muito ajudá-lo. Confio tanto na relação que me sinto à vontade em pedir para que esse teu lado saia da sessão. Teu menino está seguro aqui, não vou machucá- lo.”
Aos poucos o paciente vai tolerando limites por compreender que é importante para o atendimento de suas necessidades. Alguns conseguem desenvolver compaixão por sua criança interior e liberar toda raiva contida para os cuidadoras agressivos e também os submissos que não cuidavam de sua criança indefesa.
É possível que seus relacionamentos melhorem, mas o grande foco da terapia é proporcionar uma experiência emocional de cuidado, compaixão e limites no setting terapêutico.