Clara e seu irmão mais velho Gustavo, experimentaram dolorosos dramas infantis.
Após a morte da mãe, ambos foram cuidados por um pai ausente, deprimido e desligado emocionalmente. A vida caótica os obrigou, mesmo tão pequenos, a darem conta de seus conflitos.
Clara , com um temperamento mais sensível e dependente, não sabia muito como agir diante daquele ambiente desorganizado e desprovido de cuidadores empáticos que pudessem lhe orientar.
Gustavo, mesmo com 8 anos de idade, assume a função de cuidador da irmãzinha. Diante das limitações emocionais usa a estratégia de controle para ajudar Clara a resolver situações cotidianas como banho, vestimenta, alimentação e estudo.
Clara, hoje em terapia e com 27 anos, traz em sua lembrança o cuidado do irmão como o maior gesto de amor recebido, além de ter sido o oposto do seu pai desconectado, entretanto a dor de se sentir invisível pelo genitor e os cuidados recebidos pelo irmão, a fez associar controle a amor. Assim passa a se sentir atraídas por homens controladores e abusivos, pois a fazem sentir os cuidados do Gustavo.
A ilusão em ser amada aumentava sua atração, se esforçando cada vez mais para atender o modo controlador de seus parceiros.
Se um namorado a proibisse de usar saia , sentia como um cuidado e satisfeita o obedecia.
A subjugação resignada aumentava o controle dos namorados, a fazendo se sentir sufocada e sem autonomia de decisão.
As constantes brigas devido ao controle, gerava o rompimento do vínculo, mas não impedia que Clara continuasse sentindo atração por homens dominadores.
A REPARENTALIZAÇÃO necessária não era confrontar a postura do irmão, até porque ele também era uma criança, mas , através do VÍNCULO TERAPÊUTICO, desenvolver um modelo de cuidador que nem ausenta, nem domina, permitindo, através dos exercícios de imagem, que a pequena Clara junto ao irmão possa brincar e ter uma vida leve junto a supervisão de um adulto empático e conectado.