Lívia é extremamente crítica, controladora e perfeccionista. Procura um parceiro honesto, leal e íntegro…o oposto do seu pai infiel , manipulador e negligente. Ainda criança, jurou para si própria que quando se tornasse adulta jamais sofreria as humilhações passadas por sua mãe e que nenhum homem a faria de trouxa.
Entretanto, aos 32 anos, tem a convicção que nenhum homem é leal o suficiente. Isso a deprime devido a privação de nunca se sentir amada. Em terapia, o psicólogo percebe alguns padrões. Por exemplo, quando ela conhece um pretendente, se entusiasma, acredita que encontrou não só o amor da sua vida, mas alguém extremamente leal( EXAGERO /ILUSÃO), capaz de atender ao sonho romântico da pequena Lívia, o que a faz sentir uma ATRAÇÃO avassaladora.
O terapeuta também percebe que quando ela se envolve com homens disfuncionais, há a desilusão, o que faz ficar HIPERVIRGILANTE em relações com potencial saudável.
O MODO HIPERVIRGILANTE fica em alerta a qualquer sinal “estranho” .
Quando Roberto não atendeu suas mensagens à noite, por estar dormindo , Lívia logo constatou que havia algo errado. Mandou um áudio terminando a relação, o xingando de mau-caráter.
A função inicial do terapeuta é compreender que o modo hipervirgilante tem a função de proteger a pequena Lívia de homens parecidos com o pai. Essa compreensão sem julgamentos, fortalece o VÍNCULO TERAPÊUTICO. Posteriormente, ao entrar na infância da paciente, o psicólogo aponta as suas necessidades não atendidas por ambos os pais.
É desconfortável para ela internalizar que a sua função infantil não era cuidar da mãe desamparada, mas ter um cuidador que amparasse sua dor. Também doeu identificar que na relação dos pais, ambos não eram atendidos, o que a fez tirar sua mãe do papel de vítima: “lembro que minha mãe nunca tinha tempo para o meu pai”.
Quando passa a compreender que a traição era um sintoma da relação disfuncional, consegue linkar sua participação nos desfechos em suas relações maus sucedidas (enfraquece a resignação ). Seu modo hipervirgilante afasta seus parceiros e impede intimidade.
Por fim, a função do seu adulto saudável não é encontrar um parceiro perfeito ( ILUSÃO/ATRAÇÃO), mas criar intimidade com a pequena Lívia e assegurar que se tudo der errado, ela continuará presente na vida da criança. Como consequência, o nível de exigência nas relações diminuirá junto com o medo de “escolher errado”.