Mulheres abusadas, por diversos motivos , tendem a usar a raiva do abuso para si, seja através do choro, da mágoa ou da automutilação.

O receio de externar repulsa pelo parceiro se dá pelo medo de retaliação, aumento da violência e das ameaças ou mesmo pelo temor do abandono.

Mulheres também são estimuladas culturalmente a inibir sua raiva e agressividade por ser ” coisa de homem “. Vale salientar que, a paciente mulher tenderá a usar estratégias de abuso com o terapeuta.

É comum as mulheres abusadas agirem de forma externamente dócil, passiva e obediente com o psicólogo homem, seja para buscarem afeto ou evitar punição, como ocorre em suas relações abusivas.

O terapeuta sem supervisão/ terapia pode cair nessa armadilha, acreditando que o comportamento meigo da paciente é fruto da relação terapêutica.

É importante destacar que uma das necessidades da mulher abusada é usar a raiva/agressividade em favor da autoproteção. A autorização dessa raiva só será possível se for usada contra o terapeuta sem retaliação.

O terapeuta interpreta que esta raiva tem a ver com uma necessidade não atendida dentro da terapia e imediatamente valida a emoção… “Você está com muita raiva porque acredita que não olho para sua dor. Eu no seu lugar sentiria o mesmo.” É essencial que o terapeuta não justifique seu comportamento para não repetir relações onde certas emoções não são bem vindas.

O ponto não é se a raiva foi justa, mas o direito de sentir ,de ser validada em uma relação segura, onde qualquer emoção é permitida.

Mulheres abusadas que externam sua raiva dentro do setting terapêutico tendem a somatizar menos, a diminuir a depressão unipolar, sentir mais confiança e detectar com maior facilidade homens abusivos.

Author

Terapeuta cognitivo comportamental e atuo como psicológo ha 15 anos . Tenho experiência em dependência química e principalmente relacionamentos destrutivos.

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